terça-feira, setembro 05, 2006







Como cusca em procissão

Li este texto, sábado passado, e fiquei pensando: O quê seria preciso para substituir Luiz Fernando Veríssimo no espaço normalmente destinado a ele em ZH? Concluí que é necessário muito pouco. Ou pelo menos ser, neste caso uma cusca perdida em meio à cultura globalizada.
A cusca, no caso, é Cláudia Laitano. A moça se trai quando ao querer mostrar humor refinado, transborda preconceito. Prestem atenção na parte que grifei no texo. Cláudia parece ter pudores de magoar UM ROBÔ chamandô-o de empregado doméstico. Aqui reside um universo de questões sociais que como dizia Derrida: estariam ocultos entre os elementos do texto.
Além disso, mais uma vez vê-se questões de fundo sendo tranqüilamente excluídas, apagadas do teor explícito dos textos que normalmente são publicados na muito mais que superficial ZH.
Quem formata quem? Os programas de TV formatam ou são formatados pelo público? Nesta briga de cachorro grande acho que somos formatados em blocos mais ou menos homogêneos para sermos comercializados, pelas emissoras de TV, numa espécie de leilão de quem paga mais para patrocinar programas, estes sim formatadores da mercadoria/público a ser oferecida.
Cusquinha Cláudia, reparares bem, a família que era comercializada para patrocinadores de “Perdidos no Espaço” mudou muito. Mas quem a mudou? E para vender o quê para os produtores e exibidores de "Lost"?



Texto na íntegra na ZH de 02/09/06

Como cusco em procissão

Quando eu era criança, uma das minhas séries de TV preferidas chamava-se Perdidos no Espaço. Se você não é um alienígena no planeta pop, conhece a história: em um longínquo futuro (1997), a família Robinson é escolhida para iniciar um projeto de colonização espacial. Sua nave, no entanto, é sabotada por um maligno espião, o coronel Zachary Smith, condenando os Robinson a ficar zanzando pelo espaço por três temporadas (1965 - 1968). Perigos, perigos, perigos atravessavam o caminho dos Robinson a cada novo episódio, mas, tirando os alienígenas e, claro, a ausência de uma televisão na sala, tratava-se de uma típica família dos anos 60: pai, mãe, três filhos e até empregado doméstico (foi mal aí, Robô). O menino Will, com quem naturalmente as crianças se identificavam, podia enfrentar as ameaças mais terríveis da Via Láctea durante o dia, mas, como todos nós aqui na Terra, devia ser obrigado a fazer os temas e a tomar uma pílula de Toddy todas as noites antes de dormir. Passados 40 anos da estréia de Perdidos no Espaço, outro grupo de sobreviventes em um ambiente hostil e desconhecido tornou-se um fenômeno de audiência da televisão mundial. O sucesso de Lost...

Cláudia Laitano
ZH de 02/09/2006

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